sexta-feira, 16 de maio de 2008

O cinema do interior


Câmeras na mão, idéias na cabeça, pouco ou nenhum dinheiro no bolso. Essa frase é bem conhecida por todos no meio do cinema. Mas em nenhum lugar é tão levado a sério como no interior. Grupo de cineastas ou candidatos a cineastas trabalham assim. Driblando a falta de recursos e de equipamento, ousam nos temas e na criatividade e recrutam moradores de pequenas cidades que trabalham voluntariamente como assistentes, técnicos e atores. Na era digital, suas produções às vezes estão disponíveis só na internet, mas também lotam salas de cinema e vídeo.
Muitos fazem as filmagens com qualidade de um telefone celular, por exemplo. Para quem gosta de qualidade, o resultado pode parecer artesanal demais, mas é desse jeito que comunidades distantes dos grandes centros se vêem na TV, e gente talentosa começa a dar os primeiros passos em direção a produções independentes e respeitadas no circuito nacional.
Não fosse pela paixão incondicional pela sétima arte, Luis Ricardo Magrin já teria desistido de criar roteiros, convencer amigos a atuar de graça, arranjar equipamento e correr atrás de permutas e patrocínio para divulgar suas obras. “Só gostando muito para seguir adiante. É o que nos move. A prova de que o amor pelo cinema independente contagia. Tem muita gente fazendo cinema independente, e a qualidade é cada vez melhor. É o segmento que mais evoluiu nos últimos anos. De amador, ficou pouca coisa. As produções são profissionais, e o fato de serem independentes permite a seus criadores ousar”.
Para cineastas independentes em geral, os filmes em tecnologia digital estão em expansão, e a dificuldade de divulgação ganhou a ajuda do site YouTube. Há, no entanto, quem torça o nariz para a vitrine virtual. A internet se tornou nossa grande aliada, dando visibilidade às produções. Porque se perde muita qualidade de áudio e vídeo. “Não há cineasta independente que não aspire se tornar comercial, desde que não tenha de abrir mão de seu estilo. Para que isso aconteça, entretanto, é preciso dançar a música do mercado cultural, ainda que o ritmo não agrade.

No começo, se faz por amor, mas chega um ponto em que é preciso ter rentabilidade e conseguir sobreviver às custas da sua arte”. Para ingressar no cinema, tem que haver uma junção de pessoas que pensem de forma semelhante, uma vez que é difícil fazer cinema sozinho. Humildade, persistência e disposição para aprender são outras características necessárias a um futuro cineasta. “Não imagine que cinema é aquele glamour do tapete vermelho”, alerta o cineasta, para quem deseja investir na carreira.

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